Palavra do Arcebispo: Do que estais conversando?

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Palavra do Arcebispo: Do que estais conversando?

Os dois discípulos de Emaús conversavam a respeito dos últimos acontecimentos. Estavam desanimados, desorientados. Tudo tinha tomado um caminho que não esperavam. Estavam decepcionados com Jesus em quem tinham depositado grande confiança. Ao invés de retumbante vitória, foi vergonhosamente crucificado. Tinham muita coisa para conversar, para analisar, para lastimar. O teor da conversa era sobre o que se passava no coração. A esperança que tinham depositado em Jesus deveria dar significado a toda vida. E tinham se enganado. Deveriam reorientar as suas vida.

Sobre o que conversamos no nosso dia a dia? Hoje conversaríamos sobre “corona vírus”, quarentena, o medo de faltar comida, os mortos na pandemia, o embate político, as dívidas a pagar, medo de morrer… E sobre o que as mulheres conversam na cabeleireira – moda, beleza, penteado, as novidades para o cabelo, as unhas, a última fofoca… E os homens nos botecos – sobre a própria experiência com mulheres, os negócios, futebol, desemprego, dívidas…

Como podem ver, tanto as conversas dos dois de Emaús como as conversas do nosso tempo levam à decepção. O que preenche o coração humano vamos encontrar nos assuntos que o próprio Jesus introduz na conversa do caminho de Emaús. Foi passando as páginas da Escritura e mostrava como Deus se faz presente na vida dos seres humanos. E o coração dos dois começou a arder. A boa nova do Evangelho abastece o coração dos discípulos de Emaús e também das pessoas do nosso tempo. É a grande novidade da vida cristã.

Como exemplo, vejamos como isso funciona no casamento. Do que se conversa no casamento, na vida das famílias? Sobre mulher bonita, sobre homem charmoso, ter uma vida confortável, bem estar econômico, casa própria, a busca da relação sexual mais prazerosa reclamar das dívidas e falhas de um e de outro, compra do automóvel, reclamações e acusações…. Estas coisas não permitem falar de fidelidade. Levam ao desânimo, à separação.

 O casamento indissolúvel, a família unida se constrói com os elementos que Jesus foi ensinando aos discípulos de Emaús, É o amor que se expressa no doar-se um ao outro, na capacidade de sofrer pelo outro, no perdão. Esta família vai manifestar a vida nova buscando estar presente na comunidade. Assim como os dois de Emaús correram par anunciar aos outros apóstolos que tinham encontrado Jesus. É a novidade que a ressurreição de Jesus inaugura no mundo.

Artigo publicado na edição de maio de 2020 do Jornal da Arquidiocese, página 2.

artigoDom Wilson Tadeu JönckJornal da Arquidiocese

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